@partodaspalavras
Quando vim de dentro dessa mulher não sabia o que eram palavras, nem símbolos. Não sabia o que era ditadura e que ela tinha sido torturada brutalmente com quinze anos de idade por ser filha de comunistas. Não sabia que também sou filha do exílio e de tantas coisas que isso significa. Sou filha de uma mulher que também é mãe, não de uma mãe que também é mulher. Com seis anos de idade perguntei pra ela como eu tinha vindo: e ela me mostrou seu corpo. De cócoras e nua ela me deu uma aula sobre útero, vagina, grandes lábios, pequenos lábios, homem, mulher, fecundação, fertilidade, placenta, parto. Isso me acolheu não porque a cena em si fosse acolhedora, a cena em si era natural, nem acolhedora, nem desacolhedora. Mas o mundo tem muita brutalidade e essa cena me protegeu e libertou de muita coisa: de naturalizar o corpo e suas funções. Rute, me deu substâncias profundas que não sei dizer: mas que me fizeram dar a mão aos mistérios. Fez três filhos pro mundo: todos criados na sevirologia, todos podendo ter o calor de suas mãos enormes, seus pensamentos modernos e sua espiritualidade de quem reflete antes de falar e liga depois de rezar. Hoje, quanto mais cresço, mais tô dentro dessa mulher. Mais quero porque quero vê-la brilhar. Por isso formamos um time lindo para lançar aqui uma plataforma dos pensamentos e da filosofia encorajadora dessa mulher, mãe da gente Rute Casoy: se chama @partodaspalavras SIGAM ! E dia 8 de março tem estréia do que ela chama de solo e eu chamo de espetáculo. Foto do @alex_santanna007 . maquiagem Vegana da @carol.cronemberger / coordenação geral e cenário do @ruslanalastair / supervisão: @guilherme_veloso #mãeefilha#partodaspalavras